quinta-feira, 11 de julho de 2013

A espera da morte

Sentado aqui nesta cadeira que será meu leito de morte, consigo compreender tudo. O tédio, toda a inutilidade a que somos apresentados nesta maldita rotina que nos enfiam goela abaixo é só um treinamento para este momento, a morte. Ela que sempre foi e continuará a ser o maior medo dos humanos é de todas as formas destrinchada, filosofada, mas nunca busca-se compreendê-la. Não falo de predestinações, adivinhações ou qualquer destas baboseiras, para o inferno com isto. O belo beijo açucarado da morte nos é temido pela nossa própria ignorância, achismos tolos, morte da razão pura pela pobre filosofia metafísica. Seu ser poético, afinal é o que demonstra esta beleza e enaltece o mistério da morte, a ponto de conseguirmos sentir seu amargo cheiro de enxofre. Mesmo enxofre que exala nossos corpos, contaminados por uma rotina mortífera, caminhamos a passos largos e sorrisos falsos em direção à guilhotina, a espera de que do outro lado haja recompensas. Não há recompensas por morrer, humano tolo. Afinal, quem as daria? Sua ideia estúpida do grande legislador? Não te enganes humano, adquiras responsabilidades por teus atos, não acuse uma criação tua de ter criado tudo. Com isto colocas uma autoridade invisível em ti mesmo, amarras grilhões inventados em tuas pernas, em tua vida. O machado vem e ultrapassa meu pescoço, a morte não é tão má, afinal. Aí está a tal recompensa, a fuga do humano, a liberdade plena.

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