quarta-feira, 12 de junho de 2013

Sociedade corrompedora

Tossiu até sentir os pulmões se comprimirem e o ar lhe faltar, então tentou em vão respirar ar puro. Tudo se torna tóxico quando o próprio físico já está em definhamento. Cansado, procurava se apoiar em algum lugar, respirar, conseguir com que seu cérebro fizesse outra coisa a não ser doer. Aí estava o sentido da vida, trabalhar, colaborar com o sistema até que sua saúde lhe peça uma folga. Os cigarros e o álcool se tornavam seus únicos amigos, quando até para contemplar a natureza teria que se esconder sobre os muros da Babilônia. A sociedade o corrompeu, Rousseau riria se estivesse vivo, com ar de deboche, falaria: "eu avisei". Deveria ter voltado ao estado de natureza enquanto lhe era devido, humano, agora estás por demais contaminado, aí está tua medíocre vida, onde precisas buscar a Felicidade, pois ela já não está ao teu dispor, naturalmente, solta pelos ares. A Felicidade, como a Liberdade, se clandestinaram, foram exiladas para bem longe dos humanos, por aqueles que as quiseram matar pelo controle das mentes destes pobres escravos. Quem as traria de volta? Vã ilusão de que voltaríamos à liberdade de pensar e a felicidade do conhecimento, pois até podemos os ter, em contrapartida precisamos colaborar com o sistema e apenas pensar, falar, interpretar... Modificá-lo é algo que foge de nossos dedos pelos grilhões que estão envoltos em nossos braços. Tossia mais uma vez, já tonto, abria mais uma cerveja e comemorava a mediocridade da vida, já que dela aproveitamos tão pouco e vamos tão cedo, felizmente.