domingo, 31 de março de 2013

O ego

Não perturbe: propriedade privada, dizia a placa na frente daquela que já foi a praia mais bonita da cidade. Jimmy Wilshere pára na frente, acende um cigarro e se pergunta, de quem foi tal ideia estúpida e egoísta? Que espécie é essa que coloca a natureza ao seu dispor e ainda pede que não o incomodem? Malditos vermes humanos, espécie escrota de que faço parte, pensa Jimmy. De que adiantam filosofias, profecias e poesias, que tanto falam sobre a real essência das coisas, quando os mesmo humanos que as fabricam entregam toda a natureza nas mãos dos mais idiotas, daqueles mais estúpidos e egoístas, que trocam toda a riqueza natural do mundo por ridículos pedaços de papel. Mesmo os sentimentos, tão confusos e irracionais que sempre foram, não são mais analisados, não se sabe seus significados, pois ao invés de espalhar a compaixão, a débil espécie prefere vendê-la. Mesmo a saudade, que tanto nos aperta e nos faz tão bem quando acaba, não tem mais sentido quando podemos nos comunicar a todo segundo de todos os lugares. A tecnologia se tornou algo fútil demais, o homem já não a utiliza para o conhecimento, mas para o controle, o controle foi o que sempre buscou e finalmente ele alcançou seu tão sonhado desejo, controlou a natureza. Pois venda, maldita espécie, venda seus amores, seus destinos, seus instintos. Mas nunca venderá seu ódio, tão carnal quanto sua ganância, ele está atrelado à sua vida, espécie egoísta.

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