terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Aproveite o sonho

Hoje sonhei contigo, admito, e acordei pensando em ti. O sentimento que me veio no momento foi de grande alegria, esquecimento dos problemas e do mundo ao redor. Aquele que me veio após isto foi diferente, foi de dúvida e certa indiferença. A dúvida maior será sempre se ainda creio no amor, sobretudo no egoísmo do amor monogâmico. A indiferença digo que já está bem enraizada nos meus sentimentos, como uma capa que me protege dos paus e pedras que aqueles que julgam nunca errar atiram constantemente. Pois bem, antes que eu fosse romântico e atirasse mil rosas para você, rompesse a distância que separa nossos corpos e largasse de tudo por um amor desenfreado, mas não sou um don Juan, nem sequer tenho a segurança que sejas completamente minha. Não permitamos que ambos vivam sonhando, que nossos sentimentos nos enganem, eles são tão cruéis quanto seus hospedeiros, se não são estes malditos sentimentos que nos ensinam a crueldade. Pois ame-me cruelmente linda moça, aproveite enquanto o sonho não acaba, quando acabar, suporte-me se for possível, já que até o mais amargo amor tem seu adocicado sabor.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Humanos idiotas

Humano, olhe pra si mesmo, aonde chegou e o sangue que derramou. A única espécie que diferencia sexos, masculino e feminino, já se separa, se distingue, gera preconceitos. Você humano, que se acha o centro do universo, inventa filosofias e explicações teológicas para justificar sua importância, grita no pequeno ponto de poeira onde nasceu, esperando o universo lhe ouvir, lhe achar importante, homem que busca um sentido pra vida, mas não busca viver. Criamos sentimentos, que buscaram nos salvar, esplicar a vida, entorpecer a todos os humanos. O amor, o mais entorpecente e viciante dos sentimentos, vem acompanhado de mãos dadas ao ódio, qual dos dois destrói mais é o grande mistério, não se sabe se o mal está em um dos dois ou se simplesmente o bem não existe. O sentido da vida, humano idiota? Não existe, vá viver, vá buscar sobreviver, vá buscar conhecimento. O poder te destruiu, a imensa vontade de se sobressair sobre as outras espécies o tornou egoísta, criou hierarquias e "raças", para resolver estes problemas, as minorias também desejam poder, estamos todos assimilados, espécies perdida e sem esperança. Foi pra isso que você evoluiu humano idiota? Pra matar, se autodestruir e destruir o habitat ao seu redor? Pois bem, se mate, o planeta Terra estaria muito melhor sem sua espécie mais egoísta

domingo, 14 de outubro de 2012

Autodestruição

Sempre tentei ao máximo ser racional, cético em relação a tudo e até meio frio com meus sentimentos. O problema disso é se esconder atrás de mentiras e ilusões de uma vida que mais me agradaria, fugir dos meus problemas usando minha própria frieza como desculpa. Não acredito que eu nunca tenha amado, aliás, acho até que amei, que amo demais, com uma insegurança típica de quem já perdeu muita gente, com o coração amargurado de quem já viu coisas que não desejaria a ninguém. Refletindo hoje, acho que os sentimentos não são cegos, são burros, completamente tapados. Deixei as melhores mulheres, aquelas que realmente sentiam algo por mim, escaparem, culpa dessa frieza ou mesmo do sadismo de meus sentimentos que nada nutriam por elas. Amei aquelas que realmente não ligavam, que não correspondiam, mas o que posso eu reclamar, se fiz o mesmo? Será que sou um caso isolado ou este sentimento maléfico ataca a todas as suas vítimas desta maneira? Malditos sentimentos, maldito cérebro que não pára, não alivia, que tortura a todo momento. O impulso então me faz tomar atitudes burras, falar demais, não ligar pra este cérebro, maldita máquina, que não cessa sua tortura, seus pensamentos suicidas, a busca por uma vida que me aliviasse desta dor ou por um fim antecipado que fizesse o mesmo trabalho. Não raro me pego falando besteiras ou mesmo que não fossem, ideias defendidas de um modo agressivo, deve ser o jeito de expressar esta frieza, de fugir do mundo, ir pra bem longe e mandar todos à merda, mesmo sabendo que já vivemos nela, ou ela vive em nós, dentro de nossas cabeças.

O material

Compre um carro, um tênis e respeite as autoridades, é o que eles falam. Será que alguém já se perguntou sobre a utilidade destas supérfluas coisas materiais, destas malditas ordens instituídas pelos amantes do poder e da ostentação? Não vou ser hipócrita, o material tem lá suas utilidades, o conforto próprio, talvez, mas este não é o principal motivo. Estamos numa luta por poder, onde todas as pessoas no mundo participam, algumas claramente fracas de espírito aceitam a própria escravidão mental e física pelos poderosos e trabalharão ao resto de suas vidas vivendo sempre de um modo miserável, fazendo o demônio do capitalismo sorrir cada vez mais acidamente. Outras entram no jogo, na política, se tornam os dominadores, os chefões, olham o mundo pelas suas cadeiras confortáveis, sorriem, fazem pose, mas eles mesmos não sabem o que fazem lá, detentores de tanto poder e de tanta ignorância ao usá-lo, tanta ignorância quanto a de quem as deixou chegarem lá. Ainda temos os loucos, imorais, maconheiros, putas, viados, ladrões e estudantes, todos os termos que os poderosos nos designam, aqueles que, mesmo que seja apenas por palavras, já que o demônio do capitalismo está entranhado debaixo das raízes do planeta Terra, aqueles que lutam contra este maldoso demônio, que recusam pensar apenas em si próprios, mas são obrigados a jogar esse joguinho sujo instituído a tanto tempo no mundo. Então surge o material, aquele que serve para iludir as pessoas, Dona Maria era miserável e hoje já consegue comprar uma geladeira em 24 vezes no cartão, vejamos a evolução do nosso governo. Hipócritas, malditos poderosos que dominam a opinião pública. Não compres o amor com o material, amor comprado com o material se torna o material, e amor material já não vale de nada, é facilmente revendido àquele que terá mais condições. Não venda seu amor pelo material, não seja um prostituto do sistema.

domingo, 30 de setembro de 2012

Queimando a revolta...

Um papel vazio e uma vida morta. É isso, é tudo isso que preciso. Na verdade, apenas do papel, a vida morta o sistema se encarregou de nos dar. Eles te dizem que existe um caminho pra felicidade, Vamos meu rapaz, estude, não desista, ganhe dinheiro, guarde dinheiro, não use drogas, não brigue, use camisinha, seja sociável... Hipócritas. Isso é o que se chama felicidade hoje em dia meus caros, tudo aquilo que lhe tira a liberdade de ser você mesmo. Você não nasceu para obedecer, não nasceu para mandar, não nasceu para ser escravo do sistema, você só nasceu, o sistema se encarregou do resto. E é isso, somente isso que nos prende, que nos faz inimigos da nossa própria espécie, que faz um matar o outro, o maldito sistema, o maldito dinheiro, a merda da religião, tudo interligado. Sabendo disso, uma coisa tão simples, você pode pegar dois caminhos: ser um filho da puta e usar o sistema a favor de si para dominar o próximo, ou simplesmente se deprimir. É isso mesmo, se deprimir. É deprimente perceber que faz parte de uma minoria conscientizada, é deprimente saber como funciona toda essa bosta e não poder fazer muita coisa, enfrentar gente poderosa, ver que podíamos ser a maioria, mas saber que a maioria é manipulada, o negócio é se deprimir, mas nunca se calar, não ter vergonha de ser minoria, manifestar sua raiva, criar inimigos, já que o sistema quer isso, ela vai ter, mas vai ter contra ele.

domingo, 23 de setembro de 2012

Malditos anjos

Qual é o melhor momento para um conto sobre o amor? Não se sabe, não se deveria. Até porque a própria morte, seca e sincera morte, é mais digna de lembrança que esta droga viciante e mais nociva entre todas, que se chama Amor. Egoísta sim, podemos dizer que seja, afinal o Amor é um anjo, que visa apenas satisfazer um amo, pouco se importa com aqueles a que não lhe interessa. Digo anjo sim, pois estes são mais nocivos e injustos que os demônios, que talvez sejam apenas aedos de uma verdade nua que os homens não suportam. Os anjos não, malditos enganadores, fingem que lhe salvam a alma com este papo de amor e sentimentos baratos que só iludem aqueles que se deixam levar. O Amor é o anjo mais cruel, mais impiedoso. Muitas vezes sim, faz seu trabalho corretamente, mas ele jamais trabalha sozinho. A Distância, cruel, quase tanto quanto o Amor, trata de completar seu maléfico trabalho angelical. Talvez isso tudo seja parte de um divertimento, um grande reality show em que somos observados por um sádico filho da puta ou talvez eu só esteja chapado, tanto faz...

domingo, 9 de setembro de 2012

A mente que vence a morte

O suor lhe escorre pelas mãos, mas este nervosismo logo passaria, logo não sentirá mais nada, apenas o seu cérebro continuará trabalhando. A vida não pode ser cruel, apenas pode ser fria, pouco se importar com sonhos ou sentimentos pessoais, apenas passar, escolher seus favoritos aleatoriamente e deixar o restante a morrer aos poucos. A morte é sim um final, que é apenas vencida pela mente humana. Poderosa máquina, a mente humana pode resistir até um minuto após a decapitação. Lá estava Jimmy, a pensar após ter sua cabeça arrancada pelo corpo. Não fora opção sua este triste fim, mas nada havia de reclamar, afinal jamais vivera como quis. Queria ser escritor, talento tinha, oportunidades não teve nesta vida que não lhe escolheu como seu favorito, neste mundo que poucas oportunidades dá para talentosos artistas, preferindo falsos moralistas e espíritas hipócritas. O amor também jamais lhe servira do melhor modo, encontrara por diversas vezes mulheres que lhe eram compatíveis ao estilo de vida e pensamentos, mas este sentimento humano tão ingrato sempre lhe pôs a apaixonar-se pelo pior tipo de mulheres, enganadoras e interesseiras, como ele próprio, sem nenhuma hipocrisia, fora com outras. Era sonhador e procurava defender sempre a quem estivesse sendo oprimido, mas por ironia do destino, lhe fez cair nas mãos de pobres vítimas da segregação social, que agora lhe cortavam a cabeça por dinheiro, maldita sobrevivência que o sistema capitalista colocara acima de sonhos ou qualquer tipo de piedade humana. Jimmy já passava a não sentir mais nada, os pensamentos já lhe iam fugindo, a vida ria de sua cara enquanto se afastava, a morte vinha com sua túnica preta e sorriso maldoso, pobre vítima do destino, vítima do mundo que nunca se preocupou com compaixões, vítima da cadeia alimentar humana, ordenada pelo capital, pelos sentimentos cegos e sonhos não realizados. Talvez não seja de tão ruim lhe terem arrancado a cabeça para neste valioso minuto, entender que esta vida já não valia a pena.

sábado, 18 de agosto de 2012

freestyle...

Mundo racialista de bosta
Eu podia ser teu filho
Mas segui outra proposta
E o que a TV mostra?
Estatísticas, amostras
Daquela piedade que todo riquinho gosta
Nasci loiro, de olhos azuis
Na América branca
Podia até ter sido aquele boyzinho
Que vive de herança
Mas brinquei com os pés no chão
Só andava de latão
Jogava bola até tarde
O meu pé teve cascão
Eu nunca tive uma mansão
Aprendi a humildade
Brincava com preto, branco
E prezava a igualdade
Nesse país de bosta que não dá escolaridade
Onde apanha o estudante
Não respeita o senhor de idade
Acendo um beck, viajando
Fico olhando a paisagem
Nessa cidade tão bonita
Que só vende a sua imagem
Que traz gringo, mostra a ponte
Bonito ponto turístico
Diz que é a ilha da magia
E que tem seu lado místico
Então floripa, mostra a cara
Me diz quem é você
Onde o pobre tem que sofrer
Pedir ajuda na TV...

sábado, 19 de maio de 2012

Reflexões de Jimmy Wilshere

O relógio da torre matriz da cidade bate, grande barulho se faz nas ruas, já é meia noite. Jimmy Wilshere se encontra nas ruas de sua velha Londres deserta. Não sabe muito bem o que fazia a essa hora na rua, não havia ninguém, não havia nada, só ele, um cigarro e pensamentos que o levavam além daquele lugar. O garoto viu a própria Morte, não fazia muito tempo... A velha Morte não perdia seu hábito de pregar peças nos vivos, sempre mostrando que ela estava presente, um pouco narcisista e desejosa de atenção era ela, mas que deus não era assim? Ele pouco ligava para isso, via a face do demônio diversas vezes em sua vida, pouco ligava pra exibida Morte e seus avisos nefastos... A vida já não lhe fazia muito sentido, após adquirir muito conhecimento, Jimmy já não pôde voltar atrás e se conformar com o mundo ao redor como fazia em sua infância, tudo o revoltava, tudo o enojava, a briga por poder, desses malditos e medíocres seres humanos, lhe fazia ter poucas esperanças na humanidade, na Inglaterra, como em qualquer país do mundo, deus é uma nota de cem. Seus pensamentos iam além: Precisamos pagar por moradia em um lugar que não escolhemos nascer, precisamos pagar por sair deste lugar e somos vistos com maus olhos quando viajamos para um pedaço de terra diferente do nosso. O ser humano chegou a um ponto tão patriota de pensar que qualquer ser que nasce em um pedaço de terra diferente do seu é inimigo, maldito ser humano, maldita insapiência... Jimmy pensa agora naqueles que partilham de sua opinião, mas que dela não divulgam. Maldita omissão que mantém estes governos viciosos que convivemos... Então parte para casa, sempre pensando, sempre arquitetando ideias revolucionárias, o garoto some em meio à névoa londrina, talvez um dia esta situação em que vivemos mude, talvez...

sábado, 5 de maio de 2012

Encontro sombrio com a velha Morte

Era mais uma fria madrugada de julho, mais um dia que poderia ser cortado da existência, até que aconteceria algo anormal. Jimmy Wilshere passava pela desértica Waterloo, já às cinco horas da manhã. A dor percorria seu corpo. Doença de família talvez, ou excessivo descuido com seu corpo, não sabia dizer, só sabia que morria aos poucos e já não se queixava tanto deste fato. Eis que surge um misterioso vento, que soprava lentamente diante das já desfolhadas àrvores da praça. Jimmy não ligou, talvez nem escutou ou simplesmente ignorou o sombrio vento, acompanhado de misteriosos uivados que vinham ao fundo. Os uivados se aproximavam e Jimmy já sentia um tom estranho no ar, desejava estar seguro, como poucas vezes desejou estar em sua vida, mas também pensava na possibilidade de ilusão causada pelo uísque que acabara de tomar. A noite é o lugar do sombrio, do nefasto, do misterioso, como já ouvira desde criança, mas ele estava ali, novamente, desafiando todo o senso comum, recheado da contracultura que tanto defendia. Sombras e pessoas estranhas passavam ao longe e aquele vento sombrio só aumentava de tom. Jimmy já não se sentia seguro, já tremia, já temia. Sente algo lhe tocando os ombros, então seu corpo se congela,  fica estático, vira e vê um rosto extremamente magro, pálido, de sorriso nefasto e longo capuz negro, segurando uma grande foice, a Morte se apresentava ao jovem rapaz. Não queria levá-lo, a velha Morte gostava de assustar esses pobres humanos. Pobres seres que se acham o centro do universo, que brigam pelo domínio de um pedaço de poeira no brilhante show de luzes universal. A velha Morte riu do desprezo do garoto pela vida, ao olhá-la, Jimmy já não tinha muito o que fazer, correu, assustado, para o mais longe que alcançasse. E a Morte, teria corrido atrás dele? E por qual motivo faria isso? Queria apenas assustar o jovem rebelde, mostrá-lo que ela existia, que ele não era um ser imortal e que se continuasse a ser ignorada, daria seu sombrio beijo no jovem rapaz. A velha Morte desapareceu nas sombras de Waterloo, e que outros não duvidem de sua existência...

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Odiosa existência humana

Uma xícara de café, por favor, e uma carteira de cigarro - saía de mais uma noite fria e solitária. No caminho, acende um cigarro e vê casais, famílias, pessoas felizes. Invejava tanta felicidade, ao mesmo tempo que não a compreendia. Nunca entendera o que quer dizer ser realmente feliz. Nascido numa família desestruturada e com muitas frustrações durante a sua vida, Jimmy Wilshere vivia se perguntando porque não morria logo, qual a razão de sua maldita existência. Enquanto isso caminhava pela nevada Londres no que seria talvez o dia mais frio do ano. Quando passa em uma praça e vê pessoas se espetando com agulhas. Não teria ele chegado a esse ponto, mas provavelmente estara muito perto, entendia a dor daquelas pessoas. Entendia a visão das drogas como válvula de escape, única alegria neste mundo frio e cruel. Bem, enquanto isso, termina seu café e acende mais um cigarro, procurando fugir deste mundo, torce pra não acordar amanhã. Ah, amanhã, mais um dia, mais um maldito dia...

sábado, 7 de abril de 2012

Doença da vida

E passa seus dias torcendo pra eles acabarem. Acorda já pensando em se deitar e completar mais um maldito dia respirando. Não, a vida já não faz sentido, se é que um dia já fez. Já viveu tanto, já fez tanto, hoje já não tem vontade e nem sapiência para acordar e viver como qualquer um. Olha pra si mesmo, vendo sua vida medíocre, com a nova novela passando na televisão. Pergunta-se, qual sua doença? A vida meu caro, a vida...

terça-feira, 20 de março de 2012

St. Jimmy

Há um sol escaldante lá fora. Foda-se, pensa. Com sua velha camisa do sex pistols e um cigarro, começa a escrever, trancado em seu escuro e sombrio quarto. Pensa em tudo, sua eterna depressão, o maldito mundo que o rodeia, as tantas incoerências dos seres humanos... Enfim, pensa tanto que as palavras se esgotam, as frases lhe fogem. Olha pelo pequeno buraco na janela, vê pessoas tristes, pessoas com pressa, pessoas entediantes, vê a natureza grotesca humana, natureza que não suportara, mas que fazia parte. Nem isso lhe inspirava, pois normalmente o grotesco e o depressivo servem de inspiração aos mais nobres poetas. Teria acordado feliz, este maldito placebo chamado felicidade que o impedia de poetizar algo que prestasse... Mas acalme-se jovem poeta, ao contrário da depressão e da natureza fétida humana, essa felicidade passa. Seu nome é Jimmy, obscuro e inquieto como qualquer gênio...

sábado, 3 de março de 2012

Encontro com a velha Liberdade

Andando pela rua
Vi na margem da estrada
Uma senhora pobre e nua
Parecia-me abandonada

Cheguei perto e lhe perguntei:
-Quem és tu velha dama
Que aqui se encontra nesta lama?
-Caro moço - respondeu-me - Já não sei...

...Não mais me chamo como antes
Fui a bela liberdade
Há muito triunfante
Desiludida, já não sou verdade

Homens maus me dominaram
Os líderes de teu povo
Por direitos me trocaram
Se te conto esta história de novo
É pelo sangue daqueles que me amaram

O capital se tornou seu dono
Triste foi este dia
Só espero acordar deste sono
E viver novamente a justa anarquia...

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Debaixo do meu sorriso

Debaixo do meu sorriso se esconde uma tristeza
Você a brotou aqui e foi embora
Escondeu nossos problemas debaixo da mesa
Simplesmente desistiu e caiu fora

Não, não sei o que aconteceu
Busco explicação, porque o amor morreu
Em mim não morreu, continuará vivo
Mas você faz tudo isso parecer sem sentido

Foda-se, eu penso, imaginando uma cena
Eu e você de novo juntos, abraçados novamente
Hoje eu te vi, valeu a pena
Mesmo ignorado, meus pensamentos não mentem
Por onde passo, planto minha semente
Jamais ignorando o que se sente...

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Amor, maldito amor

Olha pro lado, acende um cigarro
Tenta disfarçar
Se engana, esconde a tristeza
Que esta clara em seu olhar

Não compreende, não consegue
Tao racional que sempre foi
Sera que o amor que o persegue?
Ja não sabe, se entristece

Afoga suas magoas em meio a fumaça
O vicio que o acompanha, a mente trabalha
Não sabe mais do futuro, maldita vida chata
Só queria estar ao lado dela e mais nada
O amor mata.

O pobre confidente

Ele estava lá, parado, com aquela rosa na mão
Ela já não se sabe, não a tinha visto
Olha o relógio, olha para o chão
Fica sem esperanças, deprimido

Só queria que ela fosse sua
Era romântico, escutava, compreendia
Isso nao era o bastante para ela, quem diria
Já era meia noite, quando de sua casa ela saia

Ele a via com perfeição
Nunca a havia conquistado
Acostumado com esse tipo de rejeição
Sofria, triste, calado

Na rua ela via um amigo, talvez um confidente
Com aquela rosa na mão, ele a olhava, carente
Entra em um carro de mais um daqueles indescentes
Como de esperado, depois que este a fazer sofrer novamente
Ela voltará aos prantos para o seu confidente
Pobre confidente.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

O placebo

O frio consome os andarilhos numa triste madrugada de domingo. Olhando calmamente pela pequena porcão visível de uma janela embaçada estava um casal. Há quem diga se tratar de um casal diferente, ambos haviam trazido cicatrizes profundas de uma vida nem sempre tão generosa, mas só até este momento. Momento único este em que duas pessoas olham o pequeno pedaço da janela onde veem pessoas seguindo o curso natural da desgraça de suas vidas. Um senhor volta do bar depois de quase cinco horas, lembra que já não resiste tanto a bebida como quando era mais jovem e lembra-se da sua obrigação de cuidar de sua mulher doente. Um homem jogado na rua passa frio enquanto tenta acender seu cachimbo e adiantar cada vez mais o fim de sua vida, já havia sido uma pessoa com inspirações, sonhos e desejos, já se perguntou porque insiste em jogar sua vida no lixo, mas também se perguntou se algo de melhor o esperava, afinal, infelizmente não vivemos de sonhos. Passa uma garota de programa acendendo um cigarro logo após mais um cliente da noite, mas cuidado, tem de se apressar, seu pai acordaria em pouco tempo para o trabalho, e durante o sono de seu genitor, a garota esperava ganhar dinheiro e sair de sua vida medíocre. Mal sabe ela que a vida é feita de mediocridade e o dinheiro servia apenas de placebo para sua dor, a dor de ter de entregar seu corpo para conseguir mais que o básico da sobrevivência humana, a dor de lembrar dia após dia a imagem de sua mãe baleada em frente a sua casa por dever drogas. E o casal observava tudo atentamente, naquele momento as trajetórias que passavam a sua frente pouco importavam, todo o sofrimento alheio poderiam ser seus, mas simplesmente não o são, então se deitam, se amam, vivem a hipocrisia da vida e experimentam o seu maior placebo, o amor...