terça-feira, 30 de julho de 2013

Reflexões de uma mente em frangalhos

Destruído. É o tudo o que sinto agora, ao pensar em tudo que me envolve. Minhas grandes pupilas já vêem o mundo de outro jeito, me sinto mais humano ao enxergar minha autodestruição, a procura de algo que faça sentido neste eterno vazio que sinto a cada momento. A confusão, falta total de sentido, me embaralha ainda mais, me pego em desejos inúteis e inevitáveis, em decepções não ocorridas, minha mente me prega peças a cada momento, esperanças vãs, ilusões certas, depressão contínua. As coisas se mostram feitas ao contrário, enquanto permaneço dopado pela futilidade de tudo o que me rodeia, alivio minhas dores, amplio minha mente escondido em esquinas sujas, burlando as regras da grande Babilônia. Cansei de porquês, de procurar respostas para o que nunca fez sentido, chega de carinhos não correspondidos, de pensamentos rejeitados. Tudo isso colocou-me fora de minha liberdade, arrancou-me a alma, sugou-me a vida. Hoje, em pedaços, enxergo ao longe no horizonte alguém que me junta as peças, enxergando beleza em minha destruição e algo além de rancor em meu olhar. Estou preparado, era realmente isso que desejava? Talvez não, sou só um humano cafajeste pronto para alimentar meus desejos e esquecer todos os outros. Mas deixo minha consciência me levar, seja dopada pelo mundo, ou curada por meus pecados. Não se culpe por minhas atitudes, sempre quis alimentar meu ego, satisfazer um desejo insatisfeito, colaborando com a mediocridade humana e a podridão a que este mundo foi submetido. Ensina-me a bondade, o amor que eu mesmo destruí para que não me destruísse, ensina-me algo bom, cansei de destruir o que é belo, pois ele já não existe. De joelhos observo tudo em frangalhos, a respiração é fraca, o coração já quase não bate, já não quero de volta minha vida, quero a paz, a destruição total de meus instintos. Quero a liberdade, pura e verdadeira, o resto sei que me ensinas...

quinta-feira, 11 de julho de 2013

A espera da morte

Sentado aqui nesta cadeira que será meu leito de morte, consigo compreender tudo. O tédio, toda a inutilidade a que somos apresentados nesta maldita rotina que nos enfiam goela abaixo é só um treinamento para este momento, a morte. Ela que sempre foi e continuará a ser o maior medo dos humanos é de todas as formas destrinchada, filosofada, mas nunca busca-se compreendê-la. Não falo de predestinações, adivinhações ou qualquer destas baboseiras, para o inferno com isto. O belo beijo açucarado da morte nos é temido pela nossa própria ignorância, achismos tolos, morte da razão pura pela pobre filosofia metafísica. Seu ser poético, afinal é o que demonstra esta beleza e enaltece o mistério da morte, a ponto de conseguirmos sentir seu amargo cheiro de enxofre. Mesmo enxofre que exala nossos corpos, contaminados por uma rotina mortífera, caminhamos a passos largos e sorrisos falsos em direção à guilhotina, a espera de que do outro lado haja recompensas. Não há recompensas por morrer, humano tolo. Afinal, quem as daria? Sua ideia estúpida do grande legislador? Não te enganes humano, adquiras responsabilidades por teus atos, não acuse uma criação tua de ter criado tudo. Com isto colocas uma autoridade invisível em ti mesmo, amarras grilhões inventados em tuas pernas, em tua vida. O machado vem e ultrapassa meu pescoço, a morte não é tão má, afinal. Aí está a tal recompensa, a fuga do humano, a liberdade plena.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Sociedade corrompedora

Tossiu até sentir os pulmões se comprimirem e o ar lhe faltar, então tentou em vão respirar ar puro. Tudo se torna tóxico quando o próprio físico já está em definhamento. Cansado, procurava se apoiar em algum lugar, respirar, conseguir com que seu cérebro fizesse outra coisa a não ser doer. Aí estava o sentido da vida, trabalhar, colaborar com o sistema até que sua saúde lhe peça uma folga. Os cigarros e o álcool se tornavam seus únicos amigos, quando até para contemplar a natureza teria que se esconder sobre os muros da Babilônia. A sociedade o corrompeu, Rousseau riria se estivesse vivo, com ar de deboche, falaria: "eu avisei". Deveria ter voltado ao estado de natureza enquanto lhe era devido, humano, agora estás por demais contaminado, aí está tua medíocre vida, onde precisas buscar a Felicidade, pois ela já não está ao teu dispor, naturalmente, solta pelos ares. A Felicidade, como a Liberdade, se clandestinaram, foram exiladas para bem longe dos humanos, por aqueles que as quiseram matar pelo controle das mentes destes pobres escravos. Quem as traria de volta? Vã ilusão de que voltaríamos à liberdade de pensar e a felicidade do conhecimento, pois até podemos os ter, em contrapartida precisamos colaborar com o sistema e apenas pensar, falar, interpretar... Modificá-lo é algo que foge de nossos dedos pelos grilhões que estão envoltos em nossos braços. Tossia mais uma vez, já tonto, abria mais uma cerveja e comemorava a mediocridade da vida, já que dela aproveitamos tão pouco e vamos tão cedo, felizmente.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

A excitação da misantropia

Já é tarde, minha pálpebras insistem em fechar-se, esquecer de mais um dia, de mais malditas vinte e quatro horas de uma vida sem sentido. Como num gole de um veneno barato, a vida humana se esgota a cada segundo, nos mata no sofrimento, dando-nos apenas alguns motivos para alegrar-se, todos devidamente colocados em nosso ego. Olho para o céu, vejo um pássaro e me vem a mente a liberdade, por alguns segundos me tornar aquela bela ave e voar pra longe dalí. Qualquer parte, qualquer beco ou viela que estiver um desses débeis humanos, tagarelando ou tendo suas velhas atitudes egoístas, a esperança de um pensamento otimista me vai ainda mais longe do que já vejo. Ainda assim, desejava sair deste lugar, nunca mais voltar, respirar ares diferentes, me aborrecer e deprimir com outros rostos e situações. A única solução que me vem à mente é continuar e beber este barato veneno, me deliciar com seu gosto amargo e morrer da doença da vida, da ganância vibrante desta espécie a que pertenço e que cada vez mais me dá motivos a me embebedar com pensamentos misantropos...

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Cruel destino do humano egoísta

A lua estava cheia, pairando com sua beleza pelo céu estrelado. Olhar o céu numa noite estrelada talvez seja o maior autodescobrimento que um humano pode ter, reconhecer sua insignificância perante um universo imenso, poderoso e indiferente. As coisas mudavam de cor, sua mente o confundia, qual o motivo disso tudo, de todo esse poder, de toda essa filosofia, de todo esse sentimentalismo barato? O humano sempre foi uma máquina de ódio e seu egocentrismo, seu desejo de importância sempre o obrigou a pensar em sua própria sobrevivência, seus próprios problemas, afinal ainda é um animal instintivo, por mais que negue esta sua condição. Na verdade, teríamos sofrido menos se jamais negássemos nossos instintos egoístas, já que, no fim, toda essa filosofia e desejo de se reconhecer em meio a este imenso universo nos afastou, nos fez diferentes, inflamando todo esse egoísmo. Vemos então pessoas que não querem as mesmas coisas, humanos que já não parecem ser da mesma espécie, que escolhem outros humanos como se estivessem fazendo compras, escolhem amores, ódios e companhias, tudo pautado na imagem, naquilo que um mostra ser para o outro, na máscara colocada para agradar, pelo interesse, máscaras que caem, mas quando caem, mostram outras, já que este ser não tem mais face. No final, qualquer escolha é inútil, é inevitável o sofrimento desta espécie, já que ela o buscou por achar que tem alguma importância. Enquanto isso, lá continua a lua, altiva, se pudesse pensar e falar riria desta espécie idiota, que acha que tem poder. Cada um de nós, está fadado ao sofrimento eterno.

domingo, 31 de março de 2013

O ego

Não perturbe: propriedade privada, dizia a placa na frente daquela que já foi a praia mais bonita da cidade. Jimmy Wilshere pára na frente, acende um cigarro e se pergunta, de quem foi tal ideia estúpida e egoísta? Que espécie é essa que coloca a natureza ao seu dispor e ainda pede que não o incomodem? Malditos vermes humanos, espécie escrota de que faço parte, pensa Jimmy. De que adiantam filosofias, profecias e poesias, que tanto falam sobre a real essência das coisas, quando os mesmo humanos que as fabricam entregam toda a natureza nas mãos dos mais idiotas, daqueles mais estúpidos e egoístas, que trocam toda a riqueza natural do mundo por ridículos pedaços de papel. Mesmo os sentimentos, tão confusos e irracionais que sempre foram, não são mais analisados, não se sabe seus significados, pois ao invés de espalhar a compaixão, a débil espécie prefere vendê-la. Mesmo a saudade, que tanto nos aperta e nos faz tão bem quando acaba, não tem mais sentido quando podemos nos comunicar a todo segundo de todos os lugares. A tecnologia se tornou algo fútil demais, o homem já não a utiliza para o conhecimento, mas para o controle, o controle foi o que sempre buscou e finalmente ele alcançou seu tão sonhado desejo, controlou a natureza. Pois venda, maldita espécie, venda seus amores, seus destinos, seus instintos. Mas nunca venderá seu ódio, tão carnal quanto sua ganância, ele está atrelado à sua vida, espécie egoísta.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Débeis sentimentos

A vida se repete, dá suas voltas, gira sobre ele mesma, mas sempre volta ao seu devido lugar. Destino, talvez? Não creio que seja a palavra adequada, não consigo aceitar um caminho preconcebido em nossas vidas, apenas as mesmas pessoas agindo das mesmas maneiras. Minha mente me atordoa, me prega peças, me lembra dela. Maldita seja aquela que encantou meu olhar desde o princípio, já que os sentimentos não são racionais, a razão foi esquecida, a sapiência deixada de lado, e os débeis sentimentos da atração física atacaram furiosamente contra meu cérebro, fazendo tudo perder o significado. Pensei nunca saber o que pensavas, mas na verdade sei, não pensas nada. Simplesmente não fui importante, e era pedir demais representar algo. Complicados são estes sentimentos irracionais, que são inexplicáveis por suas própria essência. Melhor tomar mais um gole dessa cerveja, dar mais um trago no baseado e mandar tudo se foder, as pessoas, as coisas, a vida. A raiva é o melhor remédio, o ódio é o melhor psiquiatra, já o amor é de todos o mais cruel ceifador de almas. Ceifaste minha alma há muito tempo, cruel ceifador, mas melhor que seja assim, que a frieza tome conta de meu ser, mesmo eu não acreditando que seja assim tão fácil eliminar os débeis sentimentos e minha fraca carne de meus atos.